segunda-feira, 12 de novembro de 2012

AINDA PREFIRO O BRASILEIRÃO MATA-MATA

8461 pessoas: Esse foi o medíocre público de Palmeiras 2 x 3 Fluminense, partida que definiu ontem, 11, o tetracampeonato brasileiro do time carioca. O estádio tem capacidade para 44 mil pessoas. Voltemos no tempo, a 15 de Dezembro de 2002, data da final do Brasileirão daquele ano, quando o Morumbi recebeu 74 mil pessoas para assistir as famosas pedaladas de Robinho na vitória de três a dois sobre o Corinthians. Essa diferença de público no momento decisivo do Brasileirão num intervalo de dez anos é o ponto de partida para falar dos sistemas de disputa mata-mata e pontos corridos.

Hoje uma amiga que não liga muito para futebol me perguntou se o Bahia havia caído ou não. Respondi que ainda não havia sido definido. Ela não entendeu, como assim, o campeonato não acabou ontem? Não sabia se respondia sim ou não, mas uma coisa eu sei: É muito ruim que os últimos momentos do campeonato possam ser apenas para decidir o rebaixamento. Assistir várias rodadas tendo a certeza de quem será o campeão também é um saco, isto porque a graça do futebol está na imprevisibilidade, nas “zebras”. Preparei abaixo um quadro que mostra, principalmente para quem não se lembra do mata-mata, qual a diferença de entre os dois modos de disputa:



O principal responsável pelo atual modo de disputa são os clubes, alegando que com pontos corridos eles sabem até quando vai o campeonato e podem se planejar melhor financeiramente, além de pontos corridos terem mais jogos. No entanto, é sabido que a maior parte do lucro de times de futebol vem das cotas de TV e patrocínio, e esse dinheiro eles podem ter garantido muito antes do campeonato começar.

Os pontos corridos realmente têm mais partidas, mas o grande público dos emocionantes jogos finais do mata-mata, caso o clube passe, não compensam muito mais que o público de várias rodadas sem brigar por mais nada? Nos pontos corridos a briga pelo título se polariza em apenas dois ou três times. No mata-mata são oito que se classificam, além de uma intensa briga que existia para conseguir passar para fase seguinte.

Outros defensores dos pontos corridos afirmam que essa fórmula preza pela regularidade do começo ao fim do campeonato, isto é, você tem que ir bem do começo ao fim. Mas não havia essa regularidade no mata-mata? Um time que se classifica entre os oito melhores e ainda ganha às disputadíssimas partidas eliminatórias até o título, não é regular?

Mais argumentos: “Se o time começar mal o campeonato tem pouco tempo para se recuperar e a arbitragem interfere muito mais nos mata-matas”. Com relação ao primeiro, naquela época existiam campeonatos estaduais, regionais, Copa do Brasil e Copa dos Campeões, se o time não se preparou o suficiente nesses torneios realmente merece cair. Com relação à arbitragem, discordo, pois acredito que nos pontos corridos os erros são muito mais graves, pois vão prejudicando de forma gradativa, encobrindo erros graves, já que após tantas rodadas não lembramos de erros lá do inicio.

O último argumento, que eu lembre, de quem defende os pontos corridos é de que este é um modo de disputa injusto, pois um time que foi bem na primeira fase pode perder nas quartas e sair. Mais a graça do futebol é essa! Nos pontos corridos o líder pode ser campeão contra um time que está no desespero, e jogar no erro do adversário frágil. Já no mata-mata, o time tinha que mostrar todo o seu futebol naqueles jogos finais, não bastava ser o melhor time, tinha que provar ser, sem dúvidas eram grandes partidas. Injusto mesmo é um campeonato poder ser decidido nos gols pró.

Concluo dizendo que estamos perdendo partidas memoráveis. Imaginem um Fluminense e Atlético/MG decidindo o campeonato como antigamente. O que seria um Corinthians e Internacional em 2005, onde quem vencesse a partida levaria o campeonato? Ou em 2003, quando o Cruzeiro disparou na liderança, mas será que venceriam uma decisão contra aquele grande time do Santos? Tenho saudades de quando via estádios lotados e olhos apreensivos, por saberem que ali sairia o campeão, de quando times menores podiam chegar ao título, de craques levantando seus merecidos troféus ao lado do povo e de lances que marcam a história do futebol brasileiro.

Um comentário:

Rafael Luiz da Silva disse...

Lucas amigo também tenho um blog de Futebol. Penso que pontos corridos é mais justo, não importa se o Fluminense foi campeão ou não. Se ganhou antes de terminar o campeonato é porque fez mais que os outros. Nem sempre em mat-mata os melhores vencem, abraço.