quarta-feira, 21 de novembro de 2012

NOMES SUJOS E MÃOS DE VACA


Ela olha no relógio e percebe que já é hora do almoço. Anda um pouco até chegar ao restaurante luxuoso. Ao invés de entrar pela porta da frente, ela se dirige para o fundo do restaurante e encontra o que procurava: a lata de lixo. Busca em meio aos restos de comida algo que sirva para o seu almoço. Encontra um pedaço de carne e o que sobrou de uma macarronada, satisfeita por poder comer esse banquete.

Depois da refeição ela volta para a casa. Sim, ela tem casa. Passa pela sua mobília, sofá, mesa, cadeiras, todos reutilizados, após ela os ter retirado da rua. Entra no banheiro e faz suas necessidades fisiológicas. Papel higiênico é um luxo que há muito tempo ela evita, e por isso usa água e sabão para se limpar. Termina de se arrumar e vai andando para o trabalho. Sim, ela tem trabalho.

Apesar da rotina, beirando a de um morador de rua, a norte-americana Kay Hashimoto leva a vida como se estivesse desempregada. Ela ganha mais de US$5 mil como contadora em uma empresa em Nova York, mas pretende economizar US$ 250 mil até o próximo ano. É por isso que ela come do lixo, dorme em esteiras de ioga usadas ao invés de um colchão, vai ao trabalho a pé e não usa papel higiênico, de acordo com reportagem da Época Negócios.

E foi por causa dessa sua economia exagerada que Kay virou uma das estrelas do programa Extreme Cheapskates (algo como “mãos de vaca ao extremo”, em português), que é exibido nos Estados Unidos. Em entrevista ao jornal New York Post, ela contou que passou a agir dessa forma após ser demitida. Desde então, ela decidiu viver como se fosse ficar desempregada a qualquer momento e para sempre, por isso ela poupa ao máximo.

No Brasil, o crescimento econômico permitiu que as pessoas ficassem mais despreocupadas com relação às suas finanças. Esse crescimento se refletiu, principalmente, no surgimento da nova classe C, na qual pessoas aumentaram seu poder aquisitivo e, supostamente, melhoraram sua qualidade de vida. No entanto, um número significativo de brasileiros não sabe lidar com seu dinheiro.

Segundo pesquisa divulgada em setembro, pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), 41% dos brasileiros têm ou tiveram seus nomes sujos, o que significa que foram bloqueados para fazer compras a prazo. E os mais endividados são justamente os consumidores das classes C e D. A pesquisa ainda indica que 54% dos brasileiros possuem renda comprometida com parcelas no cartão de crédito, e os economistas afirmam que é ai que está o problema. Pois as pessoas não estão sabendo lidar com crédito, gastando mais do que sua renda mensal e se afundando nos juros.

Na segunda (19), segundo reportagem da Agência Brasil, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que se o crescimento econômico do Brasil se manter, a renda da população poderá dobrar em vinte anos. Apesar desse futuro promissor é importante que os brasileiros tenham um maior cuidado com suas finanças, e ter a consciência de que a economia de um país pode mudar a qualquer momento e que todos devem estar preparados, com o menor número de dívidas possível.

Os brasileiros não precisam seguir o exemplo da norte americana mão de vaca, e um pouco maluca, para melhorar sua relação com seu dinheiro. Não precisam parar de usar papel higiênico ou passar a comer restos de comida no lixo de um restaurante. Mas poupar, ou pelo menos parar de gastar mais do que se tem, já é um passo importante para que haja uma estabilidade financeira. 




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