terça-feira, 27 de novembro de 2012

ACORDO DO PÉ NA BUNDA


A relação entre patrão e empregado geralmente é desleal. O acordo se resume a quem entra com o pé e quem entra com a bunda. A partir dai você define quem foi desleal com quem. O patrão vai demitir o funcionário quando julgar necessário. Seja pra cortar custo ou pra salvar as contas da empresa. Já o funcionário vai pedir demissão a partir do momento em que arranjar algo melhor para sua carreira ou para sua vida.

Tem empresas que promovem demissões todos os anos. Sempre vão cortar a cabeça de alguém. Os novos funcionários vão chegar na empresa e se ainda não presenciaram ninguém perdendo o emprego, ficarão sabendo das historias, do ano sombrio, da demissão em massa. E qual é o antídoto natural que ele encontra para isso? Dar um pé na bunda do patrão na primeira boa oportunidade que surgir.

Um dos assuntos abordados na literatura da administração de pessoas é sobre como montar um programa de demissão voluntária, em épocas de vacas magras no caixa da empresa. Antes de promover a carnificina, é oferecido um bom dinheiro para os funcionários pedirem para sair. A ideia é vantajosa para empresa até o momento em que um talento pede para sair. Nesse caso não há o que fazer a não ser depositar a quantia da rescisão. Se após o programa aquele funcionário que deveria ter saído não saiu, ai a cabeça dele rola. Isso é a demissão amigável.

Corte de custo também é uma palavra bastante frequente no vocabulário dos sócios e administradores. É sempre uma boa desculpa para enxugar o quadro de funcionários. Quem fica na empresa lamenta o azar do outro, mas não se comove e nem reclama da situação. Agora, quando a questão é fusão de empresas e o comprador vai demitir todo mundo, ai se unem e pedem ajuda aos sindicatos, governos e universitários. A falta de união quando o pavio foi aceso não é lembrada quando o corte é em apenas uma cabeça para reduzir despesas.

Se uma empresa vira pro funcionário e diz "vou ter que te dispensar". O funcionário pergunta "que dia eu saio? Trabalho o dia de hoje e pronto?", e recebe a resposta do chefe "Não, você vai sair agora. Passe lá no RH e assine sua demissão". O funcionário também pode virar para a empresa, já com o quadro reduzido, e comunicar "me ofereceram uma boa oportunidade de trabalho e eu aceitei. Vou começar lá amanhã", explicou. Pena para quem fica, porque tem que aguentar o rojão, enquanto que o dono vai contar dinheiro. É assim que as coisas funcionam. A vida não é um conto de fadas.




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