quinta-feira, 29 de novembro de 2012

BELO MONTE – ANÚNCIO DE UMA GUERRA


Se a Rio+20, através dos chefes de Estado e de Governo, não cumpriu com as atividades básicas pré-estabelecidas, nós, sociedade civil, nos mantemos incansavelmente decididos a lutar contra o projeto de desenvolvimento que rege o nosso sistema sóciopolítico.

Ontem assisti Belo Monte – Anúncio de uma guerra, de André D’Elia, o documentário foi lançado pela internet em 17 de junho de 2012, ou seja, durante o período da Rio+20. As filmagens e as investigações condenam a obra que está sendo imposta pelo governo de forma irresponsável e opressora, já que não houve legitimidade conferida pela escolha dos índios nativos e da população sobre a instalação da usina.

O filme é uma disputa de conceitos e ideologias entre quem mora nas grandes cidades e acha que o recurso hídrico oferecido pelo nosso espaço físico não pode ser desperdiçado com os índios e moradores que reivindicam através dos seus sentimentos a história de suas vidas.

Para quem não lembra, a polêmica em torno da construção da usina de Belo Monte na bacia do rio Xingu, em sua parte paraense, é uma obra que invade e desagrega sem pedir licença o cotidiano e o intinerário habitual das populações locais, ignorando os direitos de agricultores, indígenas e da população ribeirinha, em especial, aqueles domiciliados em Altamira, cidade vizinha a obra, que já dura mais de 20 anos.

Belo Monte – Anúncio de uma guerra, é um projeto integralmente independente e coletivo, o grupo foi formado por comunicadores sociais, cineastas, economistas e advogados insatisfeitos com a realidade imposta.

O documentário foi gravado durante três caravanas à região do rio Xingu, Altamira e arredores, além de São Paulo e Brasília. Foram reunindos impressionantes registros da obra da hidrelétrica, além de entrevistas importantes de lideranças religiosas, como o cacique Raoni, que esperaram um longo tempo para falar com a presidente Dilma Rousseff. Além de políticos locais favoráveis ao empreendimento com estrutura desmesurada e extraordinária.

O exemplo de mobilização se deu justamente pela falta de investimento financeiro para a edição e finalização do filme, já que não havia nenhum tipo de acordo ou financiamento governamental ou empresarial. Houve então a necessidade de envolver a sociedade na produção do documentário, por isso o grupo lançou em novembro de 2011 através de uma plataforma específica via internet, uma campanha para promover um arrecadamento coletivo.

Qualquer cidadão que questionasse ou condenasse a política da obra da hidrelétrica pôde contribuir. Os interessados puderam assistir ao vídeo promocional, doar valores para a edição e a finalização e como contrapartida ou até mesmo uma forma de agradecimento ou reconhecimento pela colaboração, receberam créditos e acesso antecipado ao teor do filme produzido.  

Essa foi sem dúvida, uma das mais criativas e contundentes iniciativas independentes de repúdio as posturas passivas e conformistas, foi um ato político da própria sociedade, um apelo pelo acesso à informação e pelo direito de opinar nas decisões do nosso país, que se diz ser democrático. Por isso o meu texto de hoje é uma homenagem à criatividade e a valorização do sentimento de cidadania dos produtores desse trabalho.

Assista o documentário no YouTube clicando aqui




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