terça-feira, 23 de outubro de 2012

O TIME É DO BRASIL

Os apoios políticos só deveriam ser legais no caso do candidato ser sucessor do atual. Um grande erro das campanhas políticas no Brasil é o apoio do cargo de maior escalão ao do nível mais baixo. Indo direto ao ponto, não vejo com bons olhos a participação da presidenta Dilma Rousseff nos comícios e propagandas eleitorais dos prefeituráveis do Partido dos Trabalhadores. Chique essa palavra “prefeiturável”, né?

O apoio da presidenta inspira uma desconfiança e uma crença nas pessoas de menor grau de instrução, de que o dinheiro não vai chegar na prefeitura, caso o candidato eleito não seja do mesmo time, ou melhor, do mesmo partido. Trazendo o exemplo para Salvador, muita gente pode acreditar que ACM Neto, caso ganhe o páreo nas urnas, não receberá o mesmo tratamento de Dilma que Nelson Pelegrino teria, se ele fosse o eleito. O que não é verdade, pois pelo que transparece, tudo indica que a presidenta seja uma mulher que trabalha com esse sentimento de unidade sem perder tempo com rótulos. “Ah, você não é do meu partido então só vou te dar 50 dinheiros. Já cicrano que é do PT, vou destinar 100 dinheiros para ele”. Dilma parece trabalhar pelo bem maior que é o país. Se ta precisando de 100 dinheiros para construir o metrô, toma 100 dinheiros e construa o metrô pra Copa do Mundo.

 Ao mesmo tempo que é incorreto pensar nesses preconceitos entre legendas por parte do presidente, não devemos esquecer que isso já aconteceu na época em que a Bahia tinha um coronel. Não estou falando do século XIX, da era da cana-de-açúcar não. Estou falando do início da década de 90, em que desde muito antes o estado era governado, mandado e desmandado pelo coronel Antônio Carlos Magalhães, avô do prefeiturável rival do PT. 

No ano de 1992, quando Lídice da Mata se tornou prefeita da cidade, ACM era o governador do estado. Como ela chegou a prefeitura derrotando o candidato do governador, o próprio Estado atuou como oposição. ACM só repassava as verbas que estavam previstas na Constituição e não mais do que isso. Se a cidade precisasse de mais dinheiro, não tinha, porque a prefeita não era do mesmo partido do governador.

Quero acreditar e até pago para ver que isso mudou. O Brasil evoluiu no campo da economia e está evoluindo também no campo da política, como podemos acompanhar o processo do mensalão, fazendo história. Não posso escolher um candidato sabendo que ainda estamos na era das trevas, na era dos coronéis. E olhe que só falei de Dilma, sem entrar na jurisprudência de Jaques Wagner, governador da Bahia, porque penso que o murro dela na mesa é mais forte e mais barulhento do que o dele. Isto é, quem manda é a mulher e o homem só faz dizer “sim, senhora!”.

Se ACM Neto for eleito prefeito de Salvador e a cidade não receber nada além do que é de direito por lei, passo a votar nulo. Pois não posso concordar que num país livre, eu não possa escolher o que eu acredito que seja melhor para minha cidade justamente no dia em que a democracia é a homenageada, como é o dia das eleições.

O mais correto e o mais justo sem manipulações subliminares seria Dilma só poder apoiar o sucessor dela na presidência e não sair de estado em estado, de cidade em cidade, pedindo ao povo que vote no candidato dela. Porque o verdadeiro time dela é o Brasil, dos brasileiros.


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