quinta-feira, 25 de abril de 2013

CONSUMISMO É O DEUS DOS ÚLTIMOS SÉCULOS


Quase toda vez que eu esqueço em casa o meu fone de ouvido, um livro ou uma revista que ocupe o meu tempo nos ônibus, ouço, quase que por osmose, boas histórias ou até temas interessantes, em que eu possa, aqui no Opinião Pro Mundo, transcrever os meus sentimentos, a minha manifestação ideológica ou relatar a minha formação educacional. Fico grato ao universo literário por rotineiramente conspirar em meu favor.

Por mais uma vez não foi diferente. Voltando do estágio para casa, ouvi duas senhoras conversando sobre a crueldade do mundo capitalista em que habitamos e as tendências capitalistas que habitam em nós. Uma delas chorava copiosamente, enquanto a outra confortava. Lembro bem quando a senhora que consolava a sua amiga disse: “Não vale a pena chorar por gente que vive regida pelo consumismo, você lembra do estudo que fizemos a alguns dias baseado em Huaxi, aquela cidade chinesa em que um garotinho foi abandonado pelos pais?”.

Confesso que naquele momento não entendi nada, mas depois de chegar em casa e pesquisar na internet, descobri que o exemplo citado por aquela senhora quanto à cidade e o garotinho chineses faziam todo o sentido.

Huaxi é o exemplo típico do conceito de consumismo, a vila é a mais rica da China e o lugar onde, segundo o Governo local, é possível observar os frutos do verdadeiro desenvolvimento socioeconômico. Lá foi construído um arranha-céu de 74 andares chamado Zengdi Kongzhong, e para decorá-lo, foi encomendada a escultura de um touro feito com uma tonelada de ouro. 

Em contraste com aquele esplendor, muita desgraça, perto dali, um garotinho chamado Tha Sophat ficou famoso por conseguir sobreviver amamentando-se diretamente em uma vaca depois de ser abandonado pelos pais biológicos.




Consumismo é o ato de comprar produtos e/ou serviços sem necessidade e consciência. É compulsivo, descontrolado, cruel e principalmente injusto, além de nos influenciar mais negativamente que o permitido. O exemplo da China é o resultado característico do consumo irresponsável, ostentação fútil ao lado de miséria profunda. Os pecados consumistas fazem sentido até um certo ponto. Nos remetendo à velha Teoria Marxista, lembramos que estamos órfãos, na esperança que um senhor soberano vingue as nossas mazelas; nos salve, com urgência, da inevitável destruição e nos indique o caminho da felicidade eterna.

Precisamos desesperadamente voltar à realidade e vencer o deus dos últimos séculos, que teima em furtar muito mais do que as nossas economias. Temos que progredir em busca daquilo que de fato tenha valor e que venha contemplar a nossa existência. O consumismo é como uma rede lançada no mar, ela apanha peixes de todo tipo e quando está cheia, os pescadores a arrastam para a praia e sentam para separar os peixes: os que prestam(quem pode consumir) vai para dentro do cesto, os que não prestam (quem não pode consumir) são jogados fora. 

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