
Era
o último dia de aula antes das férias de junho, festa de São João e para a
tristeza de Oscar, era a despedida de Heloísa, ela iria morar em Londres.
Aquela garota era mais do que sua colega de classe, mais do que sua confidente,
mais do que uma menina que adorava falar sobre futebol, era o seu primeiro
grande amor, ela era perfeita. Seu frágil coração sangrava em lembrar que o
amor da sua vida iria partir, sabe-se lá o que seria dele.

Oscar
não sabia o que fazer, desmascarar aquela que ele idolatrava em uma despedida
ou recuperar sua revista? Ele hesitou em delatar o amor da sua vida, ninguém
entenderia nada, os dois eram muito próximos. Sem contar a ninguém o que tinha
acontecido, ele pegou o exemplar, guardou em sua mochila e desceu as escadas.
Na
hora da despedida, o garoto segurou as lágrimas e sem encarar Heloísa, naquele
que poderia ser o último encontro entre eles, balbuciou um “boa viagem”. Mal
conseguiu retribuir o abraço.
Chegando
em casa, Oscar trancou-se no quarto e em um misto de decepção e já muita
saudade, chorava copiosamente. Ele amargava sua primeira grande decepção. Sua
mãe insistiu para que ele fosse ao aeroporto despedir-se de Heloísa, mas seu
coração amargurado não o permitiu. Durante muito tempo, Heloisa ligou para
Oscar convidando-o a ir até Londres, mas ele ignorava o convite e as raras
oportunidades de conversar com ela.
Sempre
que um rumo de uma conversa levava às grandes decepções, aos enganos de falsas
amizades e grandes amores, ele contava a quem quisesse ouvir sobre o que
Heloísa tinha feito.
-
Não fale dela assim – advertia-o sempre sua mãe
-Por
que não? Pegou minha revista!
-Mas
quando pegou sua revista era uma criança, perdoe ela.
O
tempo passou. Um dia Oscar trocou de endereço e durante a mudança alguns livros
e revistas despencaram de uma estante improvisada. Uma delas Placar Especial Guia 1998, Copa do Mundo da
França. Havia quantos anos que não a abria? Lembrou da dedicatória de sua
mãe, procurou na página de rosto, mas não a encontrou. Será que o tempo tinha
apagado? Na página seguinte a contracapa havia uma dedicatória, só que Oscar
não reconheceu aquela caligrafia que dizia: “A minha futura jornalista
esportiva Heloísa, com todo amor e carinho de seu pai.”
Confesso
que não acredito que o mundo acabará em 21 de dezembro de 2012, por isso sugiro
a você, que assim como Oscar, nutre qualquer tipo de mágoa, rancor, abstraia
esse sentimento que amargura o seu coração e lembre-se que por várias vezes
“vencemos” as previsões do final da odisséia terrestre, como Nostradamus,
06/06/06, entre outras. Agora foi o calendário Maia, pode não haver uma outra
oportunidade. Por isso, viva sempre como se fosse o último dia na terra, como
se todos os dias seguintes fossem sempre 21 de dezembro de 2012. Perdoe aquele
a quem você pensa ter lhe feito mal ou até que tenha lhe feito. Talvez olhando
com cuidado, perceba que haverá uma dedicatória para cada adversidade da vida.
Lembre-se que a coisa mais divina que há no mundo é viver intensamente cada
segundo da vida como nunca mais.
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