As últimas sessões no Supremo Tribunal
Federal começam a colocar um fim no processo do mensalão, condenando 25 dos 37
réus julgados e definindo como formação de quadrilha a relação da cúpula do
Partido dos Trabalhadores como o ex-ministro chefe
da Casa Civil, José Dirceu e José Genoíno, ex-presidente do PT, com
os grupos do lobista Marcos Valério e os custeadores do esquema.
Além de formação de quadrilha, outros
seis crimes como peculato, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa,
evasão de divisas e gestão fraudulenta foram atrelados à pauta do julgamento
que condenou os principais envolvidos em um dos maiores escândalos de corrupção
política da história recente do Brasil.
O impacto da sentença do mensalão
contribuiu de forma significativa para o combate da corrupção e pela
reafirmação de conceitos e valores sobre democracia, exercício do poder e
cidadania. Assistimos a um julgamento em que a maioria do corpo jurídico
mostrou-se idôneo, mostrando-se capaz de exercer com independência atos civis e
políticos, sabido que 08 dos 10 ministros que julgam o processo foram
indicações de quem incorporava o governo Lula.
Réus esses que tentaram descaracterizar
o pagamento de propina em troca de apoio
político ao governo do ex-presidente Lula, em um simples caixa 2, mas o STF foi
taxativo em lembrar-los de que caixa 2 é crime, é uma agressão a sociedade
brasileira, compromete a ordem e o progresso. E ainda que tivesse sido só isso
e isso não é pouco, essas afirmações foram feitas na tribuna do Supremo Tribunal,
perante os ministros julgadores, mostrando que esses não tinham nenhum receio
de serem punidos. Mas ficou claro para eles e para todos de que o ilícito no
Brasil não pode ser praticado e confessado sem que haja punição.
A política é a mais importante das atividades
humanas no plano coletivo e por isso esse julgamento representa
institucionalmente para o Brasil mais do que a condenação de pessoas, é a
condenação de um modo escuro, delituoso de se fazer política. Trata-se da
condenação daqueles que no controle do estado transformaram a cultura da
infração, contravenção em prática ordinária e desonesta de poder. Trata-se da
condenação de um sistema eleitoral e partidário que faz o contrário do que se
espera do processo de civilização. Foi a punição dos agentes públicos
corruptores e corruptos.
O
julgamento, portanto, significa um clamor, um pedido de socorro da população
que foi furtada e que cobra uma reforma política imediata. O STF rejeitou o
jogo político motivado por práticas criminosas cometidas por debaixo do pano,
isso não pode ser tolerado, não pode ser permitido.
Arte: G1 |
Os
atos de corrupção foram condenados e punidos com o rigor máximo da lei, porque
esses atos afetam o cidadão comum, priva-o de serviços essenciais como
educação, saúde, segurança, transporte público..., coloca-o a margem da vida
social.
Após
a sessão desta quinta-feira, 25 de outubro, o julgamento do mensalão no Supremo
Tribunal Federal será interrompido e retomado apenas no dia 7 de novembro, o
relator do processo, Joaquim Barbosa, viajará para um tratamento de saúde na
Alemanha. Porém o mais importante de tudo isso é que durante todo o processo de
condenação, houve lições de ética e moralidade e o melhor, o principal réu do
processo, a corrupção, já foi condenada antes mesmo do veredito.
Um comentário:
De todos os textos que você escreveu, confesso que esse foi o que eu mais gostei. Muito, muito bom mesmo. Tá cada dia melhor. Meus parabéns!
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