Encerrou-se
um processo que elegeu em todo país 5.562 prefeitos e mais de 57 mil
vereadores. Aqui em Salvador observei que no começo desse período, as pessoas
traziam consigo um discurso carregado de descrédito para com os candidatos e
desmotivação com o processo eleitoral. Nas últimas semanas o tema começou a
entrar nas conversas do dia-dia, motivadas muitas vezes pelo tom agressivo dos
debates. Já ontem, no Facebook, as pessoas defendiam com unhas e dentes seus ideais,
numa mistura de esperança, desilusão, vingança sarcástica e indignação pela
suposta volta de um passado sombrio. Todavia, a partir desta segunda-feira,
todo o envolvimento que cresceu nesses últimos dois meses deve simplesmente
desaparecer.
A origem da palavra política está na reunião de cidadãos que
formam uma cidade. Assim sendo, a reunião de cidadãos deve ser constante,
afinal, a política está acontecendo a todo o momento. No entanto, além da
eleição, a população só tem voltado seus olhos para política quando esta influi
em suas vidas de modo imediato e preocupante, como ocorreu, por exemplo, nas
greves da policia e dos professores. Situações como o auto-aumento de salário
de 44% dos vereadores de Salvador pouco repercutem entre a população.
Se uma sociedade não presta atenção na
política, não pode cobrar a atenção dos políticos. Atualmente por aqui, o
trabalho de deputados estaduais e vereadores só são lembrados a cada quatro
anos. Sabe o ditado popular que diz que quando o gato sai, os ratos fazem a
festa? Não estou generalizando, ainda existe gente boa na política, mas quando
o trabalho dos maus políticos não é acompanhado pela população, eles fazem a farra,
é corrupção, aumento de salário e faltas aos montes. Aliás, o congresso
nacional está parado a praticamente dois meses, por conta da eleição municipal.
Cadê que alguém liga?
Tem muita gente que critica a população
por não acompanhar política dizendo que tem que acabar com o ‘pão e circo’, o
que já se tornou um chavão. Não acho que seja assim, tem que ter espaço para
entretenimento sim, porém, não podemos ficar apenas numa overdose de história
ficção, como há duas semanas, enquanto os olhares para quem escreve a nossa
história fica completamente de lado. É preciso entender que podemos até não
gostar da política, mas que ela deve ser de nosso interesse.
Se realmente desejamos tantas mudanças
como falamos nos últimos dois meses, cobremos para que elas aconteçam nos
próximos quatro anos. Acho um grande erro as pessoas ao serem perguntadas por
reportagens em qual candidato votou na eleição anterior não se lembrarem mais. Deseja
a mudança? Acompanhe, cobre, proteste se necessário, seu direito não é apenas
votar. Caso suas expectativas não sejam atendidas, não reeleja, quanta gente
boa quer entrar na política e está desmotivada pelas eternas reeleições dos
Sarney’s da vida? Eleger alguém é comprometer-se em observa-lo. Política não
acaba com a eleição.
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