Uma vez me perguntaram se tudo que eu escrevia estava
falando de mim. Respondi que não, que a maioria de minhas histórias eram
fictícias, mas que, como a maioria dos escritores que conheço, também costumo
colocar um pouco de meus sentimentos e pensamentos naquilo que escrevo.
Em um livro de Maitê Proença, “Uma vida inventada”, ela
distingue ficção de realidade através da fonte da letra. Tem momentos no livro
que ela conta sua própria história de vida e outros momentos em que conta uma
história inventada. Numa de suas entrevistas sobre o livro ela confessa que
tinha momentos que ela não discernia mais ficção de realidade, os dois haviam
se tornado um só.
Grandes poetas da literatura aproveitavam seus sentimentos
como grande fonte de inspiração para fazer poesia. Florbela Espanca, por
exemplo, teve uma vida triste e sofrida, que se reflete nos seus poemas, poemas
esses que ficaram para a história.
A escritora infanto-juvenil Thalita Rebouças, disse uma vez
que não há personagem seu que não tenha um pouco dela. Nem que seja uma frase,
uma característica física, uma mania, um pensamento, cada um deles é uma parte
dela. O que não quer dizer que ela seja capaz de trair sua melhor amiga, assim
como fez a personagem Penélope, em um de seus livros.
Os textos mais bonitos que escrevi, fiz com lágrimas nos
olhos. Deixando a emoção fluir de mim para o papel, transformando lágrimas em
palavras. Relatando fatos ocorridos comigo na visão de um personagem inventado,
ou até mesmo em primeira pessoa, sendo eu o narrador da história.
É fato que fazemos melhor aquilo que gostamos ou quando
colocamos algum sentimento quando o fazemos. É mais fácil escrever sobre o que
entendemos, do que falar sobre o que não sabemos. As autoras que citei
anteriormente fazem sucesso porque colocaram emoção naquilo que escreveram. E é
isso que mais me encanta na literatura.
Poder escrever por prazer, para desabafar, para se
expressar. O importante é ter um motivo para escrever. Ou simplesmente não
tê-lo. É ter a liberdade de poder falar sobre o que quiser, ser o que quiser,
ou ser apenas si mesmo.
Escrevo porque é minha paixão, e me sinto bem ao fazê-lo.
Ouço críticas, opiniões e vivo a vida. E é tudo isso que me ajuda a criar
textos e personagens: sou eu, é você, é ficção e realidade.
Um comentário:
excelente texto moça, chega não dar mais preguiça de ler qualquer livro, ou de fazer um, depois de ler o que colocou ai encima.
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