O telefone toca incessantemente.
Ele tira os olhos da tela do computador e atende. A voz do outro lado da linha
é apressada e informa que está acontecendo uma manifestação numa avenida de
grande circulação de veículos. Ao desligar o telefone seu pequeno bloco já está
repleto de anotações.
Pega a máquina fotográfica, o
gravador, a caneta e seu inseparável bloquinho de papel. Coloca tudo numa bolsa
e sai correndo em direção à notícia.
O trânsito está terrível, como
era de se esperar, e ele fica o tempo todo pensando em alternativas para se
livrar do engarrafamento e chegar ao seu destino. Olha a agenda telefônica e
junto com nomes e números surgem as soluções. Em pouco tempo já está montado na
garupa de uma moto, se espremendo entre os carros, e agradecendo por ter uma
boa lista de contatos.
Quando chega ao local, primeiro
ele observa. Anota mentalmente as possíveis fontes para entrevistas, saca a
máquina da bolsa e começa a fotografar. Um rapaz que grita. Uma mulher que
chora. Um pneu queimado. A polícia. Uma ambulância. Cada acontecimento sendo
registrado pela lente da câmera, enquanto ele se aproxima cada vez mais dos
personagens.
E então vêm as perguntas. Algumas
já haviam sido elaboradas, enquanto outras são dúvidas que surgem no meio de um
depoimento. Anota nomes, idades, aspas.
No caminho de volta um texto já
surge em sua mente. Ele repassa os acontecimentos, os porquês, os quems. Os
dedos ágeis batem nas teclas e na tela a história começa surgir. As fotografias
complementam a sua visão, o seu ponto de vista, e ajudam a ilustrar a história
que no dia seguinte será lida por milhares de pessoas.
Ainda com o gosto de café na boca
ele anda pela rua em direção ao trabalho. Duas mulheres caminham na sua frente,
uma delas segura o jornal. Comentam sobre pneus queimados, um homem que gritou,
uma mulher que chorou, a polícia, uma ambulância, o engarrafamento.
Ele se delicia ao ouvir a
história que ele escreveu, sendo contada através do seu ponto de vista. E ele
se senta em frente à tela do computador, ainda com a satisfação de ter contado
uma história que será recontada por diversos desconhecidos durante todo o dia.
O telefone toca. Voz apressada.
Dupla dinâmica: caneta e bloco de papel. Anotações. Pega a máquina fotográfica,
o gravador, a caneta e seu inseparável bloquinho de papel. Coloca tudo numa
bolsa e sai correndo em direção à notícia.
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