Meu primeiro estágio em
jornalismo foi na A Tarde. Trabalhei na editoria de Cultura no portal do jornal
na internet. Nos plantões de final de semana, não existia editoria fixa, todos
pegavam as notícias de qualquer editoria. Como o pessoal, principalmente a
chefa, sabia que eu gostava de futebol, fui escalado para cobrir alguns jogos
do minuto a minuto. Antes que você pergunte, esse tipo de cobertura de jogo é
feita de dentro da redação assistindo pela TV e ouvindo pelo rádio. O último
deles, em que estive lá, foi o segundo clássico deste ano de 2012 entre Bahia e
Vitória, que aconteceu no Barradão e terminou com a vitória rubro-negra por 3 a 2.
O que me chamou atenção não foi
somente a emoção de participar de alguma forma de cobertura de um Ba-Vi e sim o
esquema de cobertura que foi montado. Na A Tarde fiz o minuto a minuto de
outros jogos do Campeonato Baiano envolvendo Bahia e Vitória. Era somente uma
pessoa para fazer o lance a lance, a matéria do jogo e montar uma galeria de
fotos. Só que para o Ba-Vi foram escaladas duas pessoas para fazer a cobertura,
sendo que eu fui uma delas. Cada um pegou um tempo e quem estava ocioso no
segundo tempo, já ia escrevendo o texto da matéria, para que ela fosse pro ar tão logo o árbitro apontasse pro círculo central do
campo decretando o fim da partida.
Lembro que cheguei lá mais cedo do que o
normal e saí um pouco mais tarde do que o habitual para cobertura de jogos.
Também não esqueço o delicioso frio na barriga que foi um pouco mais intenso do
que em jogos normais. O clima na redação também era diferente. O pessoal de
esporte do jornal se reunia em frente à televisão parecendo um grupo de
torcedores. Alguns eram Bahia, outros eram Vitória, a gozação rolava, mas
estava tudo em casa.
Ao final do jogo, enquanto que um
escrevia a matéria, o outro ficava ligado no rádio pra pegar as declarações dos
jogadores e treinadores dos dois times. Depois que as matérias do BA-Vi
(matéria do jogo e reportagem das entrevistas e coletivas) foram pro ar,
partimos para a montagem da galeria de fotos. Foi quando vi o fotógrafo
chegando na redação, vindo do Barradão. O cara parecia cansado depois de uma
batalha. Junto com ele, também chegou um repórter que cobriu o jogo para o
jornal lá do estádio e contou para o editor, escalado apenas para a cobertura
do minuto a minuto, o que aconteceu nas torcidas dentro e fora do estádio.
Saí da redação, após terminar o
meu trabalho, com um sorriso incontrolável e infinito no rosto. Entrei no
jornalismo para trabalhar com esporte e cobrir um BA-Vi é estar no caminho do
Blunt of Judah. Fiquei imaginando como seria cobrir um clássico entre Bahia e
Vitória na série A do Campeonato Brasileiro. O clássico na primeira divisão do
Brasileirão é diferente do mesmo clássico no campeonato estadual ou na
segundona. O ar é diferente, o clima é outro. Não é a mesma coisa.
O clássico BA-VI de 2013 na
primeira divisão do Brasileiro foi garantido aos trancos pelo Bahia do escapar
do rebaixamento, neste último domingo (2). Pois os barrancos já tinham sido
superados pelo Vitória que conseguiu o acesso à série A, no sábado retrasado
(24). Desejei esse encontro dos dois times na divisão de elite do futebol
nacional desde que deixei a redação de A Tarde no início da noite daquele
domingo 18 de março de 2012.
P.S: Se você é uma das pessoas
que pergunta o que venha ser Blunt of Judah... Assista o vídeo.
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