Tinha sido um ano complicado, e
ele não teria conseguido passar por todas aquelas dificuldades, se não fosse a
presença de algumas pessoas em sua vida. Ao seu redor, via as vitrines
enfeitadas com temas natalinos, vendedores atarefados e diversos consumidores
comprando, comprando, comprando. E no meio daquele mar de pessoas e sacolas,
ele pensava no que poderia dar aos seus amigos de presente de Natal.
Era assim todos os anos.
Caminhando pelo shopping lotado, via todas aquelas pessoas comprando os objetos
que futuramente dariam de presente àqueles que gostavam. Em sua maioria
buscavam por eletrônicos, que, de acordo com uma pesquisa realizada pela
empresa de buscas Zoom, estão entre as opções de presentes de natal mais
desejadas pelos brasileiros. Mas ele não tinha condições de dar esse tipo de presente,
e, além disso, não pretendia surpreender seus amigos com presentes caros, e sim
com objetos que pudessem representar da melhor forma o seu agradecimento por
eles fazerem parte da sua vida.
Andou até parar em uma vitrine
cheia de livros. Uma capa em especial lhe chamou a atenção. Tratava-se de um
livro que havia lido anos atrás, do qual gostara muito. Entrou na loja e ao
folhear as páginas no tal livro, lembrou-se da alegria que sentira ao lê-lo.
Naquele momento, decidiu que a alegria deveria ser compartilhada com aqueles de
que quem ele gostava. Direcionou-se ao caixa e pagou pela sua compra.
Embrulhou o presente com um papel
especial e depois decorou com um laço de fita. Mas antes disso, ele havia escrito
uma dedicatória na contra capa. Apesar de não ser bom com as palavras, elas
eram sinceras e lhe pareceram uma boa forma de expressar seus sentimentos.
Na noite de Natal, lá estava seu
grande amigo. Entregou-lhe o embrulho, e ele agradeceu com um sorriso. Desfez o
laço de fita, abriu o pacote, folheou o livro, leu a dedicatória. Olhou de
volta para o seu amigo, com os olhos marejados de lágrimas e um sorriso no
rosto. Disse a clássica frase de que “não precisava”, e, sem mais palavras, lhe
deu um abraço.
Embrulhos dourados, prateados,
coloridos, estampados. Formatos variados, redondos, quadrados. Grandes,
pequenos. Leves, pesados. Com laços de fita. Acompanhados de um abraço. Nessa
época do ano, as pessoas se acostumaram a fazer listas e a compartilhar
presentes, esquecendo-se, muitas vezes, de compartilhar o afeto, um abraço.
Consumistas que somos, acreditamos que o ato de comprar já seja suficiente para
entrar no espírito natalino. No entanto, mais importante do que o presente, é
aquilo que ele representa, e, principalmente, o que com ele vem acompanhado.
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