Eu não via Gabriel há pouco mais de um ano, e aí resolvemos passar um dia inteiro juntos jogando futebol no Playstation 3 que ele tinha comprado. Quando cheguei em casa à noite, confesso que não sei por qual motivo, minha mãe estava ansiosa para saber como tinha sido a nossa confraternização:
Minha
mãe: “E então, como foi o seu dia?”
Eu:
“Foi bem legal”.
Minha
mãe: “Como vai o Gabriel?”
Eu:
“Vai bem.”
Minha
mãe: “E como vai Clara, a mãe dele, depois de uma semana no hospital?”
Eu:
“Não sei, ele não disse nada.”
Minha
mãe: “Ele não disse nada ou você não perguntou?”
Eu:
“Confesso que não perguntei, mas se ela já não estivesse bem, com certeza ele
teria me dito alguma coisa.”
Minha
mãe: “E como vai Helena, a irmã dele recém-casada?”
Eu:
“Ele também não falou nada sobre ela.”
Minha
mãe: “A namorada dele ainda é a mesma?”
Eu:
“Juro que não faço ideia.”
Eu
lembrava bem quantas partidas tinha vencido e quantas partidas tinha perdido,
mas não sabia praticamente nada sobre a família de Gabriel. Estava a par da
briga de Gabriel com o segurança de uma boate em uma dessas festas, da última
viagem que ele tinha feito a Palma de Mallorca na Espanha e sabia a marca da
moto que ele estava pensando em comprar. Mas não sabia que ele não estava mais
estudando agronomia, nem que Dora, a outra irmã dele, tinha se divorciado.
Tinha, porém, um repertório novinho de ótimas piadas.
É
bom lembrar que só sei de tudo isso, depois de minha mãe muito insistir para
que eu ligasse para ele e lhe fizesse um interrogatório, ela dizia que assim
Gabriel não pensaria que não me importo com ele. A verdade é que me importo, só
não perguntei.
Quando
saímos pra nos reunir com os amigos, as nossas
mães, namoradas, esposas se surpreendem em voltarmos para casa sem saber
praticamente nada sobre a vida pessoal dos companheiros. Isto ocorre porque
sair com os amigos é apenas uma forma de descontrairmos. A gente pode passar um
dia inteiro jogando vídeo game, assistindo as diversas partidas de futebol, pescando,
sem falar nada de relevante. Quando conversamos, é
sobre fatos, resultados, soluções ou respostas ao que for perguntado. Raramente
falamos sobre pessoas e seus sentimentos. A maioria das mentes masculinas é
quase integralmente voltada para o “finalmente”,
geralmente não nos ligamos muito nos sentimentos.
Confesso
que não entendo por que as mulheres questionam tanto em saber sobre todos os
detalhes da vida dos amigos e conhecidos dos homens. Imagino que, se os meus
amigos querem que eu saiba de alguma coisa, obviamente irão me dizer. A verdade
é que os homens não esperam que os companheiros falem muito ou insistam em
conversar sobre qualquer coisa relacionada à vida particular.
A
única circunstância em que um homem conversa com outro sobre assuntos pessoais
é quando tem um problema em que precise desesperadamente de ajuda. Aí, como
último recurso, recorre-se a um amigo em que confie. Não sendo assim, aliviamos
o estresse liberando a mente para pensar em qualquer outra coisa, não há
necessidade de trocar ideias, de conversar se não se tem vontade.
Um comentário:
Pois é, Vinicius, os homens tem uma visão simplificada do que é ter e conviver com um grande amigo, que não deixa de ser valorosa. É como a amizade de uma criança: pura, sem maldade e com o intuito de simplesmente de se fazer presente e de criarr bons momentos, que é o que realmente importa.
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