Um dia desses decidi cumprir uma antiga promessa que
tinha feito a minha prima de 08 anos, levei-a para pedalar na orla da praia do
bairro onde moramos. Era um dia ensolarado e a única coisa que me atormentava
era o alto índice de roubos de relógios naquele local. Além de passear de
bicicleta, ela queria mostrar o seu novo relógio a todo mundo, presente ganho
na noite de natal. Eu me achando muito prudente, um pouco antes de sairmos de
casa, disse-lhe: “Não leve o seu relógio, apesar de estarmos indo a um lugar
público, o local onde vamos pedalar anda bem perigoso.” Obediente como sempre,
ela ouviu a minha recomendação, mas me fez um breve questionamento: “Vini, se
onde vamos é tão perigoso como você mesmo fala, não acha melhor deixar o seu
relógio aqui também?”
Confesso que naquele momento fiquei tão
envergonhado, que desejei ser um avestruz para poder enfiar a minha cabeça no
chão onde pisava. Como fui tolo! De que vale o ensinamento teórico sem a
prática? Como instruir corretamente, se fui desatento ao exemplo, regra e principio
básico na educação? Eu precisava naquele instante ser referência no falar e
principalmente no agir, para que houvesse conformidade com o ensinamento.
A palavra “exemplo” descende do latim exemplum. É tudo aquilo que pode ser
imitado, copiado ou repetido. Significa ideal, imagem, modelo, padrão. Ou seja,
como vivo bem próximo da minha prima, posso aprimorar ou enfraquecer a
construção da sua conduta e dos seus princípios éticos, já que, o meu comportamento
e as minhas ações são fatores relevantes na edificação e no mantenimento de suas
atitudes.
Eu poderia muito bem usar um discurso antigo: “Faça
o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, mas preferi tirar o relógio do
braço, guardar e tomar aquela situação como uma doutrina. Atitudes valem bem
mais que pronunciamentos. Acredito que aquela ação inocente, porém concreta,
ajudou minha prima a assumir obrigações pautadas pela coesão e dignidade. Acredito
que ela aprende muito mais através daquilo que eu sou, do que através daquilo
que eu afirmo.
Não há modo mais comprovativo e eficaz de ensinar do que o exemplo. Ele convence sem argumentar, estimula sem obrigar e ensina sem discutir. Como dizia o filósofo alemão Albert Schwritzer: “Servir de exemplo não é a melhor forma de ensinar, é a única forma de ensinar.”
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