A pessoa entra em seu perfil em
uma rede social e na página de atualizações encontra diversos compartilhamentos
de pessoas chocadas com uma informação que acabara de ser divulgada. De acordo
com os amigos on-line, um bebê havia sido sequestrado por dois homens em uma
motocicleta, durante um congestionamento em Salvador, na noite de terça-feira
(26).
Publicada inicialmente no
Instagram, a notícia correu as demais redes sociais, como Facebook e Twitter,
até chegar a um site que abrange notícias de todo o estado da Bahia. O primeiro
e, até então, único site a trazer informações sobre o assunto, contava que
testemunhas presentes no congestionamento presenciaram a ação dos bandidos que
“arrancaram a criança de dentro do carro”, “fugiram com o bebê no braço do carona
da moto” e que “a mulher que dizia ser mãe da criança saiu do carro e pediu
socorro aos motoristas que transitavam pela via”.
Sites de jornais importantes,
como o “Correio”, perderam a chance de divulgar a notícia com rapidez, e, no
entanto, puderam divulgar a notícia correta. De fato, dois homens em uma
motocicleta haviam retirado a criança de um carro e saído rapidamente. Assim
como, a mãe da criança havia pedido socorro aos demais veículos. Entretanto,
não se tratava de um sequestro, e sim de um resgate.
A matéria do “Correio” esclareceu
a situação ao trazer o depoimento de outra testemunha, que viu quando a mãe do
bebê pediu socorro para seu filho que estava passando mal. Como o trânsito
estava congestionado, a solução encontrada foi entregar a criança ao
motociclista que a levou para um hospital próximo ao local.
Esse caso, que aconteceu na noite
de terça (26) e foi esclarecido nesta quarta (27), é um exemplo claro da
importância da apuração no jornalismo. Se o “Correio” tivesse publicado a
informação sem ter apurado o fato, sem dúvida ela chegaria ao alcance de mais
pessoas, que ficariam abismadas com tal situação. Segundo o Aurélio, apurar
significa “saber ao certo; averiguar”. E um dos princípios do jornalismo é
publicar a realidade vivida pelos cidadãos e deixá-los informados sobre o que
acontece na sociedade.
O problema é que, na busca pela
notícia inédita, os veículos de comunicação, principalmente sites de notícias,
costumam só apurar melhor a matéria após esta ter sido publicada. No intuito de
não deixar passar a oportunidade de serem os primeiros a publicarem, os sites
acabam divulgando fatos distorcidos, como no caso do resgate do bebê.
O site que foi o primeiro a
divulgar, publicou a notícia correta no dia seguinte, mas a informação já tinha
sido visualizada e comentada por diversas pessoas. Apenas na página do Facebook
do mesmo, 73 pessoas já haviam compartilhado a notícia, acreditando na
veracidade dela.
Erros acontecem, mas se a
apuração continuar desta forma, com a pressa seguindo em primeiro lugar, à
frente da averiguação, a saúde do jornalismo não andará nada bem. O bebê, por
sua vez, foi transferido para outro hospital, mas seu estado de saúde e o
motivo do atendimento não foram divulgados. Melhor não divulgar do que publicar
uma realidade distorcida.
Um comentário:
Como reza o ditado, quem tem pressa come cru, então se o jornalismo coloca a exclusividade da notícia na frente da veracidade da mesma,perderá a credibilidade que será adquirida com a rapidez da divulgação do fato.É o que mais se vê atualmente, jornalistas atuando como amadores, assemelhando-se à comuns espectadores e não como profissionais da área.
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