segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

ESPECIAL OSCAR 2013: A HISTÓRIA É ESCRITA PELA 85ª VEZ


Aconteceu na noite desse domingo, 24 de fevereiro, a mais apoteótica noite do cinema mundial. Ela novamente trouxe consigo toda sua grandiosidade, iniciada, como sempre, desde os luxuosos desfiles das atrizes no tapete vermelho. Já no palco do Dolby Theater, a cerimônia começou tímida, com as piadas sem graça de Seth MacFarlane, que logo viriam a ser criticadas por um James Kirk, de 'Star Trek', vindo do futuro, contando que Seth se tornaria o pior apresentador da história do Oscar, se não mudasse o rumo da cerimônia. 

Aos poucos esse rumo começou a mudar, e a cerimônia ia ficando interessante. Se na premiação não houveram muitas surpresas, no palco teve o ursinho Ted anunciando vencedor, estudantes de cinema entregando estatuetas, a melhor atriz caindo, caretas de Sandra Bullock e até um empate, algo que ninguém lembrava ser possível. A música também animou a noite com boas apresentações, como Adele, cantando o tema de ‘007 - Operação Skyfall’, e também dos elencos dos musicais ‘Os Miseráveis’ e ‘Chicago’. Mas a grande surpresa da cerimônia foi no anúncio do melhor filme, com a participação, no mínimo inusitada, da primeira dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, ao vivo em vídeo direto da Casa Branca.


A PREMIAÇÃO

Nesse ano nenhum filme obteve destaque suficiente para receber um grande número de estatuetas. O grande vencedor da noite foi ‘As Aventuras de Pi’, que levou quatro Oscars, sendo seguido por ‘Argo’ e ‘Os Miseráveis’ com três. Já Lincoln, que havia sido indicado a 12 categorias, foi premiado duas vezes.

O Oscar sempre reúne grandes filmes, excelentes atuações, e alguns prêmios sempre dividem opiniões. O fato é que o voto é dado por um grupo de pessoas que tem um gosto, e que historicamente já deixou de premiar grandes filmes, como ‘O Grande Ditador’, de Charlie Chaplin, Star-Wars, A Cor Púrpura, e mais recentemente, Avatar. Isso também acontece outros prêmios, como melhor ator/atriz, por exemplo.

Talvez o maior injustiçado da história do Oscar,
Charlie Chaplin, só recebeu duas estatuetas, em
1929 um Oscar Honorário pela versatilidade em
'The Circus', e em 1972, pelo conjunto da obra. 
No entanto, vale resaltar que maior que o Oscar, é o tempo, que marca os verdadeiros grandes filmes na história. Para nós, concordando ou não com os vencedores, fica o fato de que, o Oscar proporciona na lista dos indicados, grandes obras, onde certamente várias delas vão agradar o nosso gosto. Se nossos favoritos não ganham, o jeito é respeitar a democracia e seguir em frente, pois a história reconhecerá os grandes.

Sabendo disso, vamos conhecer os vencedores e os indicados de todas as categorias:







O cinema como a solução de uma crise real. Argo aborda o plano da CIA para resgatar diplomatas americanos, que fugiram da invasão da embaixada americana no Irã. Sem qualquer possibilidade de sobreviverem, tentando sair como americanos, Tony Mendez, interpretado por Ben Affleck - que também produziu e dirigiu o filme – inventa, com a ajuda de pessoas da indústria cinematográfica, um falso filme de ficção científica chamado Argo. Sua ideia era transformar os diplomatas em produtores de um filme canadense, que está buscando locais para filmagem. A partir daí, o suspense de se conseguir fugir ou não toma conta do filme.

Ben Affleck e equipe de Argo 
agradecem a premiação.
Foto: Mario Anzuoni/Reuters 
Ao receber o prêmio, Ben Aflleck parabenizou todos os finalistas e homenageou a coragem de Tony Mendez, homem que realizou na realidade o que ele fez no cinema. Se referiu também ao Oscar de Melhor Roteiro Original,  recebido por Matt Damon e ele em 1998, por ‘Gênio Indomável’: "Quinze anos atrás eu estava aqui diante de vocês e era uma criança. Não pensei que fosse voltar. E hoje estou aqui novamente"

Os concorrentes a melhor filme foram:  Argo,  Amor,  Lincoln, Django Livre, Os Miseráveis, As Aventuras de Pi,  A Hora Mais Escura,  O Lado Bom da Vida e Indomável Sonhadora. 






“And the Oscars goes to... Ang Lee!”. 


Ang Lee fala ao receber o Oscar.
Foto: Agência AFP

Provavelmente essa frase tenha sido a grande surpresa da noite do Oscar, o favorito era Steven Spielberg, por Lincoln. Mas, não foi qualquer um que derrubou Spilberg e um grande presidente da história dos Estados Unidos. O taiwanês Ang Lee, que dirigiu ‘As Aventuras de Pi’, já é conhecido da Academia. Em 2001, ele ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com ‘O Tigre e o Dragão’ e em 2006, já havia vencido melhor diretor com ‘O Segredo de Brokeback Mountain’.

Felicíssimo por ganhar com a história do garoto indiano, que naufraga e aprende a conviver com um tigre, ele fez um discurso repleto de agradecimentos: “Realmente tenho que compartilhar isso com as três mil pessoas que trabalharam comigo em As Aventuras de Pi." Ang Lee ainda concluiu dizendo, “Essa estatueta está no meu coração!”. 

Também concorreram nessa categoria: Steven Spielberg (Lincoln),  Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora),  David O. Russell (O Lado Bom da Vida) e  Michael Haneke (Amor).





Uma grande atuação para um grande ícone da história: Daniel Day-Lewis incorporou Abraham Lincoln tão bem, que até mesmo quem assistiu ao filme com a intenção de ir pensando qual dos atores era o favorito, simplesmente se desligou. A sua afeição, a fala calma em alguns momentos e a postura determinada do líder americano, sem dúvida retratam com louvor o que se conhece de Lincoln, que governou os Estados Unidos durante a Guerra de Secessão e foi o presidente responsável pela abolição da escravidão, principal foco do filme.


Emocionado, Daniel Day-Lewis 
recebeu o Oscar de Meryl Streep.
FOTO: Chris Pizzello/Associated Press

Momentos antes da premiação, ainda no tapete vermelho, Daniel se referiu a seu personagem: “Não importa quem descubra esse homem, uma vez que nós o descobrimos, esse personagem fica com a gente para sempre”.

Ao receber o Oscar de melhor ator pela 3ª vez (Meu pé esquerdo em 1990 e em 2008, Sangue Negro), emocionado ele disse: “Eu não sei como isso aconteceu comigo, eu sei que já recebi muito mais que mereço”. Após alguns agradecimentos, ele agradeceu também a “mente maravilhosa de Abram Lincoln”.

Também concorreram nessa categoria: Denzel Washington (O Voo), Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida), Hugh Jackman (Os Miseráveis) e Joaquin Phoenix (O Mestre).




Essa sem dúvida foi a categoria mais imprevisível, e Jeniffer Lawrence levou. Tiffany , sua personagem em ‘O Lado Bom da Vida’, é uma moça de personalidade forte e que tinha recentemente perdido o marido. Ela conhece Pat Solitano Jr. (Bradley Cooper) , um homem que visa superar os problemas de seu passado recente e até reconquistar a ex-esposa, de quem não pode se aproximar, por conta de uma ordem judicial. Tiffany, que serve como uma ponte entre os dois, repassando cartas, se apaixona por Pat, e então a história vai se desenrolando.

Essa foi a decisão da academia mais contestada pelos críticos, uma vez que concorriam Emmanuelle Riva, 86, que de forma brilhante interpretou uma senhora que sofre um derrame, em 'Amor', e Quvenzhané Wallis, uma menina prodígio que gravou 'Indomável Sonhadora' com apenas seis anos, e também atuou de forma extraordinária. Pessoalmente, acredito que a história irá lembrar delas no futuro.


Jennifer Lawrence: Tropeçou, se recompôs,
 brincou com a própria queda e levou para casa 
o Oscar de Melhor Atriz.
FOTOS: 
Robyn Beck/AFP
Voltando a Jeniffer Lawrence, ao se dirigir ao palco, ela tropeçou, mas rapidamente levantou e disse: “Vocês estão em pé porque se sentem mal por eu ter caído. É muito constrangedor!”. Em seguida falou: "Obrigada pelas demais atrizes da categoria, que foram magníficas e inspiradoras. Obrigado aqueles que fizeram dessa experiência algo incrível. Obrigado a minha equipe, Bradley Cooper e todo o elenco. Obrigada."

Também concorreram nessa categoria: Jessica Chastain (A Hora Mais Escura),  Naomi Watts (O Impossível),  Emmanuelle Riva (Amor) e Quvenzhané Wallis (Indomável Sonhadora).




Quando Octavia Spencer anunciou Christoph Waltz, de Django Livre, como um dos indicados da noite, ele estava com uma afeição tímida, ao contrário de seu personagem: Dr. Schultz, um despachado dentista que abandona a profissão para ser um caçador de recompensas. Ele ajuda Django (Jamie Foxx) na busca por recuperar sua mulher, comprada por Calvin Candie (Leonardo DiCaprio). Ao receber seu prêmio, Schultz e Christoph se uniram, quando ele citou seu personagem: "Você subiu a montanha porque você não tem medo, você matou o dragão porque não tem medo, você cruzou o fogo porque valia a pena".

Ator austríaco Christoph Waltz, recebe pela segunda
vez o prêmio de melhor ator coadjuvante.
FOTO: 
Robyn Beck/AFP
Ele também já havia vencido o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 2011, com o Coronel Hans Landa de Bastardos Inglórios, também dirigido por Quentin Tarantino, que foi homenageado em seu discurso.

Também concorreram nessa categoria: Tommy Lee Jones (Lincoln), Alan Arkin (Argo),  Robert De Niro (O Lado Bom da Vida) e Philip Seymour Hoffman (O Mestre).





O Oscar de Anne Hathaway era o mais previsível de todos, graças a sua majestosa atuação no musical ‘Os Miseráveis’, onde ela cantou sem dublagem, “I Dreamed A Dream”. No filme ela interpreta Fantine, uma personagem que é abandonada pelo namorado, grávida de sua filha Cosette. No filme, Anne Hathaway também tem seu cabelo cortado.

A maior favorita da noite,
 Anne Hathaway ganhou o Oscar de
Melhor  Atriz Coadjuvante.
FOTO: Getty Images
Ao receber o prêmio ela dedicou ao marido e disse: É um sonho que se tornou realidade, obrigada por ter sido indicada com pessoas tão inspiradoras. Tenho que agradecer a Hugh Jackman, ao elenco, à equipe. “Espero que a tristeza e os problemas de Fantine fiquem apenas na ficção".

Nessa categoria também concorreram: Sally Field (Lincoln),  Helen Hunt (As Sessões), Jacki Weaver (O Lado Bom da Vida) e  Amy Adams (O Mestre).



Confira também os vencedores de outras dezoito categorias e sinta-se a vontade para comentar sobre a premiação no final dessa publicação.





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