segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

JOGADOR DE FUTEBOL NÃO SABE O PODER QUE TEM


Um time qualquer vem apresentando um bom futebol e tem bons jogadores, porém de uma hora para outra, o rendimento da equipe cai, as derrotas vêm e a crise se torna pública. Não, ninguém na equipe desaprendeu a jogar, são os comuns boicotes de jogadores de futebol, em virtude de atraso de salários, graças à gananciosa incompetência de dirigentes, que em alguns casos se perpetuam no poder por gerações, e em outros furtam tudo que podem no pouco tempo que tem.

Junto com a crise, vem a raiva do torcedor, que paga os ingressos cada vez mais caros e vê seu time perder sem a menor dignidade. Quando a raiva aflora, não vai em direção as tribunas de honra, onde estão os cartolas (ou pelo menos onde deveriam estar). As vaias, xingamentos e protestos se voltam para o campo, contra os jogadores. Ou seja, o dirigente dá calote nos atletas, que por sua vez jogam mal e irritam a torcida, que protesta contra os jogadores. Quem se deu bem na história? Se você respondeu o dirigente caloteiro, acertou! E daí sai a pergunta: Porque os jogadores não prejudicam quem lhes prejudicou?

Existem várias formas de fazer isso, uma delas é a recusa em entrar em campo, que força um pagamento imediato, uma vez que o W.O. (without opponent – sem adversário) é passível de rebaixamento para última divisão. O problema dessa solução é que se o clube realmente estiver sem dinheiro, independente de o dirigente ser corrupto ou não, a equipe cai, a torcida continua irritada e o rebaixamento mancha a carreira de qualquer atleta.

Então vem uma solução que eu considero a mais honesta: Transparência total. Antes do jogo, os jogadores deixam bem claro para torcida o que se passa nos bastidores do clube, dizendo que salários e benefícios estão atrasados, e desde quando estão sem receber. Pronto, uma simples declaração e os atletas já vão ter o apoio do torcedor, e sabendo o que se passa não colocará o pé no estádio.

Assim como o pagamento surge com as derrotas, uma vez que a torcida se afasta, a renda cai e os dirigentes se desesperam, o pagamento viria ainda mais rápido, já que grande parte da torcida, principalmente quem não é sócio-torcedor, se afastaria do estádio. Talvez apenas torcidas organizadas, que em vários casos tem obscuras relações com as diretorias de clubes, que inclusive oferecem ingressos grátis, entraria no estádio como se nada estivesse acontecendo. Todavia, não são eles quem dão o lucro.

O foco do torcedor comum sempre foi e sempre será ver o sucesso do time, de preferência no estádio. Então mesmo deixando de ir ao campo, ele não abandonará o time, e protestará da forma que achar conveniente. Esse é o segundo fator interessante dessa forma de protesto, colocando a “boca no trombone”. Além dos jogadores forçarem seu próprio pagamento, uma vez que a torcida começaria a deixar de ir ao estádio, a onda de protestos colocaria o cargo do dirigente em xeque. Em muitos casos, poderia até vir à democratização de muitos clubes que são verdadeiras ditaduras.

Protesto realizado pelos jogadores do América/RJ.
Na faixa eles dizem "Estamos abandonados, mas
jogamos por vocês!" |  Foto: Carlos Júnior/FutRio
Já passou da hora dos atletas entenderem a importância que o futebol tem em nossa sociedade, seja isso bom ou não, o esporte mexe com a vida das pessoas. A influência dos jogadores pode ir além da mera criação de novos cortes de cabelos, acredito que hoje eles são a única forma de as torcidas de futebol entenderem que o esporte vai além das quatro linhas. Eles têm em mãos a chance de transformar os clubes, que em alguns casos são os clubes do coração dos próprios jogadores. Que em algum tempo eles entendam isso, e parem de prejudicar aqueles que têm um verdadeiro vínculo com o esporte, uma vez que essas derrotas premeditadas são verdadeiros atentados ao bolso de quem deixa de curtir muita coisa para apoiar o time. Jogadores e torcedores precisam dar as mãos e extinguir do futebol essa gente gananciosa. Poder para isso eles têm.


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