segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A REPERCUSSÃO DA TRAGÉDIA EM SANTA MARIA


Foi um dia de choque, nem mesmo os últimos dois grandes acidentes aéreos em nosso país, Gol em 2006 e TAM em 2007, haviam matado tanta gente. O Brasil se assustou e acompanhou, o mundo repercutiu rapidamente, por que 236 jovens perderam suas vidas de um modo que é inaceitável. Costumo dizer que a gente só conhece quem são as pessoas de verdade em momentos de crise, quando muita gente mostra uma face egoísta e surpreendente. Ontem foi um desses dias, onde algumas atitudes chamaram tanta atenção quanto à tragédia, algumas boas e outras lamentáveis, não só por parte das pessoas, como também da imprensa.

Para a grande maioria, foi um misto de susto, tristeza e indignação. Ninguém esperava acordar com essa notícia. As reações iam se multiplicando durante o dia, e se relacionando com o que era noticiado, ficávamos pasmos ao saber da notícia e revoltados quando surgia cada informação que atestava a negligência de organizadores e autoridades.

Infelizmente também apareceram reações, de uma minoria, que acredita poder fazer graça com tudo. Teve até gente preconceituosa desejando que isso não acontecesse no Rio Grande do Sul, mas em outros estados do nordeste. Declarações que multiplicaram a tristeza, ao mostrar que existem humanos que não respeitam nem mesmo o sofrimento de tantas famílias que perdem pessoas com vidas inteiras pela frente, em circunstâncias como aquelas.


Wilson Dias/Agência Brasil

Algumas ações também nos alegram, e nos trazem um pouco de alívio, como a grande quantidade de pessoas que se dirigiu para fazer doações de sangue, os voluntários que se colocaram a disposição de cozinhar para os parentes de vitimas, pessoas que ofereceram acompanhamento psicológico gratuito e até hospedagem para quem não era da cidade. Hospitais de São Paulo e Pernambuco disponibilizaram parte de seu Banco de Pele para ajudar os feridos. Boas ações que nos fazem acreditar na humanidade, apesar de tantas barbaridades que ainda são ditas nessas situações.


Positiva também foi a ação da Presidenta Dilma Rousseff, que de forma imediata deixou o Chile para trás e foi visitar os feridos e familiares de vitimas fatais, fazendo de forma imediata o que deve ser feito por um bom chefe de estado. Creio que seu único erro foi em relação aos três dias de luto oficial, muito pouco para dimensão do que aconteceu.


COBERTURA DA IMPRENSA

Após noticiar o que aconteceu, a imprensa partiu para algumas ações bem comuns, como entrevistar sobreviventes, simular as causas da tragédia, discutir como esse tipo de acidente poderia ter sido evitado e mostrar como estão ambientes comuns em suas respectivas cidades. Até então tudo bem, apesar de ser lamentável esse tipo de discussão surgir apenas nessas situações.

Mas infelizmente, muitos órgãos de imprensa se comportam, em minha opinião, como verdadeiros urubus, num sensacionalismo evidente e completamente desnecessário, pois todos já estavam suficientemente abalados com o ocorrido. Grandes portais e sites de importantes jornais exibiram álbuns de fotos, com as famílias das vitimas chorando as perdas. Uma foto na capa de um jornal ou site, retratando numa imagem daquilo que é comum a duzentas famílias, tudo bem, mas daí a fazer um álbum? Alguns outros veículos de comunicação ultrapassaram o limite do bom senso ao pegar e publicar as fotos do Facebook das vitimas. O ‘Estado de São Paulo’ chegou ao ridículo de pedir em sua página no Facebook que os internautas publicassem nos comentários o link do Facebook de quem faleceu. Após dezenas de criticas, a postagem foi apagada.

Na TV, uma bipolaridade completa, de quem não sabia se transmitia a tragédia ou a programação alegre de domingo. As programações não foram repensadas, de modo que quando a tragédia estava sendo transmitida era de modo constante e cansativo, e quando não estava no ar, não faltaram programas de humor, principalmente no inicio da tarde, um momento completamente inapropriado. Podiam ter optado por boletins durante a programação, e no ar, programas de entrevistas, desenhos, esportes, ou outro meio termo que não deixasse um clima mórbido, mas que também respeitasse o momento.

A NOSSA PARTE

Cabe a nós enquanto sociedade, antes de tudo, voltar os olhares e orações para aqueles que sofrem com essa tragédia, e contribuir, se isso estiver ao nosso alcance. É importante também deixar que a atenção que surge nesse momento, com relação a segurança contra incêndios em locais públicos, não caia no esquecimento, que se cobre dos donos de estabelecimentos e promotores de eventos, toda segurança possível. Além disso, quando a imprensa começar a apelar, mude de canal, não acesse, não compre, você leitor é quem tem o poder de acabar com esse falso jornalismo pautado na dor alheia.

Em nome de todos os colunistas do blog Opinião Pro Mundo, expresso o desejo de que os hospitalizados se recuperem, que os familiares de vitimas fatais tenham forças para recomeçar e que todos os responsáveis diretos e indiretos sejam investigados. Fique abaixo com as capas dos principais jornais de circulação nacional e alguns estrangeiros que noticiaram o fato.




2 comentários:

Mari queiroz disse...

Lucas, gostei da matéria. Infelizmente alguns da "imprensa" ainda agem dessa forma.

FAÇA FAIXA VOCÊ TAMBÉM disse...

Lucas, parabéns! Deus continue capacitando você cada vez mais.