“Juro que não entendo esse amor incondicional, em
1994 você ainda não tinha a compreensão exata da realidade, a única imagem que
você tem dele em mente, enquanto ainda estava vivo, é o dia do acidente em que
ele morreu”. Esse é o questionamento repetido por minha mãe, todas às vezes que
entra no meu quarto, e me vê com os olhos marejados, assistindo qualquer novo vídeo
ou lendo um novo texto que encontro relacionado a Ayrton Senna.
Na galeria de ídolos e heróis que tenho em meu
coração, Ayrton Senna, ao lado de Gheorghe Hagi, meio campista da Romênia, são
os únicos que não vi atuando em suas modalidades, talvez seja essa a explicação
para o questionamento da minha mãe, toda essa admiração é saudade do que não
vivi. Mas confesso que o sentimento por Ayrton é ainda maior em qualquer
comparação, em qualquer tempo e/ou condição, ele é um herói, e mais do que
isso, um herói do Brasil.
Sua representação é muito maior que
sua pessoa. Senna não foi apenas um atleta extraordinário, não foi apenas
aquele que se destacou nas pistas como um grande campeão, ele se consagrou como
uma lenda, como um ídolo. Senna era uma referência nacional, a figura
consistente da transição de um Brasil sofrido para um Brasil vitorioso,
vencedor. Através dele concretizávamos o nosso potencial, enxergávamos em cada
curva, em cada ultrapassagem, em cada bandeira quadriculada sendo tremulada, o
desenho pintado em verde e amarelo de um futuro possível, ainda que fosse
apenas durante o tempo exato de uma corrida.
Senna
foi uma pessoa iluminada, um ser humano de alma colorida e com um coração
irradiante, um ecônomo na essência. Em vida, sem que ninguém soubesse, ele
financiava instituições de caridade. Até a sua morte beneficiou a vida de
outras pessoas, já que novas normas de segurança
foram implementadas na Fórmula 1, novas barreiras, curvas integralmente
redesenhadas, altas medidas de segurança e até o cockpit
dos pilotos foram mudados, tudo ligado diretamente ao acidente que o vitimou. Sem contar
o Instituto que leva o seu nome, a concretização
do sonho de Ayrton em ajudar o seu país a diminuir as desigualdades sociais,
ajudando a qualificar a educação pública oferecida a crianças e jovens. Sua força
interior e disciplina, sua liderança e coragem também são inspiradoras.
Muita
gente fala que após a morte, as pessoas deixam de fazer aniversário, passam
apenas a completar idade. Mas Ayrton não está morto, pelo menos é o que grita o
meu coração. Por isso, eu comemoro os seus 53 anos de idade, completados neste
21 de março de 2013. Porque comemorar um aniversário é ser grato ao passado e
esperançoso quanto ao futuro. Não é nenhuma curva de Tamburello que vai fazer
eu não lembrar do meu ídolo. Mais que um fã de Fórmula 1, eu sou fã de Ayrton
Senna do Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário