Nas primeiras horas dessa segunda-feira,
18 de março de 2013, dezenas de pessoas perderam suas vidas após as chuvas no
estado do Rio de Janeiro. Princípio de
texto quase repetido com um de 31 de janeiro de 2011, chamado ‘Lições do Rio’,
quando eu ainda escrevia esse blog sozinho. Naquela época, publiquei que as
chuvas já haviam levado centenas de vidas naquela região, e que uma vez que ela
se repetia todos os anos, porque não se buscava evitar tantas mortes? Encontrei
a resposta: Vivemos no país dos paliativos eternos.
A expressão paliativo vem da medicina e
aplica-se em diversos setores de nosso país, é definida como “ação de eficácia
momentânea e incompleta; meios ou métodos que trazem melhoras, mas não eliminam
a causa”. E uma vez que só se corrigem as consequências das causas, além das
vidas perdidas, os gastos com as reconstruções são enormes. Segundo a ONU
(Organização das Nações Unidas), cada dólar investido em prevenção poupa sete
dólares gastos em reconstrução.
Região Serrana do Rio na manhã desta segunda, 18 de março. Foto: Site do Jornal do Brasil |
A solução para a causa - no caso do Rio
de Janeiro provavelmente a geografia da região - quando estudada e tendo uma
solução encontrada, geralmente termina numa gaveta. Tempos depois as
autoridades tornam a dizer que a tragédia foi uma fatalidade inesperada.
PALIATIVO NOSSO DE CADA DIA
Engana-se quem pensa que essa prática
resume-se a ações emergenciais, isso está enraizado em nosso dia-dia. E o pior,
a sociedade contribui diretamente nisso. Um bom exemplo disso são as cotas,
sejam elas raciais ou sociais. Não vou entrar muito nesse debate, pois isso é um assunto
que rende até um outro texto, mas a grande realidade é que estamos perdendo
muito tempo debatendo isso!
A cota é mais um paliativo que está se
eternizando, porque pouco se discute as soluções para a educação. A favor ou
contra as cotas, todos sabemos que não é o certo o estudante entrar na
universidade com uma base ruim, e perde-se tempo numa picuinha onde em qualquer
um dos resultados não se atinge o ideal, que é um ensino público de qualidade
desde a primeira infância.
Outro exemplo é o programa Bolsa Família.
Ótimo que muita gente, que não tinha sequer uma refeição diária, está se
alimentando. Excelente que a qualidade de vida de grande parte da população
tenha dado um salto, mas as pessoas precisam ganhar independência. Na última
eleição vimos candidatos que são historicamente contra o bolsa família, não só
prometendo manter, como sendo quase carregados pelo povo por conta disso, que
por mais necessário que seja, é um atestado de dependência.
Claro que não se deve acabar repentinamente com o Bolsa Família, isso deve ser algo gradativo, até porque existem pessoas de maior idade, que não tem mais condições de correr
atrás de um sustento digno. Mas quem é jovem e depende disso deve ser educado a
criar sua independência. Incentivar o empreendedorismo, por exemplo, é um ótimo
caminho, pois é um conhecimento que gera resultados muito além de uma única
pessoa, uma vez que isto gera empregos, ajuda a movimentar a economia e por aí
vai.
São muitos os paliativos em nosso dia-dia, mas muita gente, ao se deparar com uma proposta de mudança de realidade, diz logo: Utopia! Caso se pense com imediatismo sim, mas gerar mudanças em assuntos como os abordados aqui levam tempo. Porém, ainda que as mudanças venham aos poucos, vale a pena não se acomodar em ver o que é errado quieto. Para isso não é necessário reservar um dia, ir para a rua, protestar, falar mal de político e achar que pronto, salvei o mundo. Por mais simbólico que isso seja para mostrar que existem pessoas mobilizadas, é outro paliativo. A mudança vem no dia-dia, contribuindo com a nossa realidade, ao fazermos com o que qualquer lixo ao nosso redor não seja jogado para debaixo do tapete.
Um comentário:
Pois é Lucas, esses paliativos já tornaram-se placebos.
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