O
conceito de ciência em geral é pautado como uma atividade exclusivamente
individual, restrita a “gênios” intelectualmente privilegiados e cuja imagem
representante é apenas tubos de ensaio, microscópios ou laboratórios munidos
com aparelhagem moderna. Engana-se quem pensa assim.
A compreensão da ciência ultrapassa a barreira desse senso comum.
A ciência é muito mais que isso, é uma atividade social em pontos diversos.
Primeiro, porque é uma exclusividade do ser social. Nada há de parecido na
natureza. Em segundo lugar, é social no sentido de que é parte movida e movente
do desenvolvimento histórico da humanidade. Ainda que muitas vezes pela
mediação de indivíduos particulares, a ciência é um complexo social decisivo
para o desenvolvimento da totalidade da humanidade.
Como ação social, a ciência é fruto do sistema desenvolvido pelo
ser humano em que se apropria da cultura produzida durante todo o período
histórico. Por isso, expressa perfeitamente o trabalho humano. Nessa perspectiva,
a ciência é, então, resultado do processo histórico da humanidade, reduzindo o
trabalho e as potencialidades do homem desenvolvidas ao longo de toda vida
humana na terra. Ou seja, a ciência é uma realidade. Vejo a ciência também como
um fenômeno determinado pelas relações de produção impostas pela sociedade.
E é justamente esse ponto de partida, citado no final do parágrafo
anterior, que permite o entendimento da ciência como uma atividade que é, ao
mesmo tempo, uma realidade humana e um fenômeno que, ao se manifestar na
incrível estrutura da sociedade, é determinado pelas relações sociais de
produção que se estabelecem na base dessa sociedade.
Deve ser claro que o entendimento de ciência como um fato não se
opõe ao entendimento de que a ciência é determinada, durante o seu
desenvolvimento, pelas necessidades e possibilidades, objetivas e subjetivas,
predominantemente fundadas pelo trabalho ao longo de todo o tempo. O
desenvolvimento das forças produtivas comparece também como o momento do
desenvolvimento científico.
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