Quem me conhece sabe como não gosto de escrever sobre violência,
de ler páginas policiais e principalmente dos programas policialescos na TV. Todavia,
há uma hora que tomamos conhecimento de cada coisa absurda que não dá para
deixar de lado, desde que não seja apenas exibindo a violência, mas discutindo
sua prática, origem e consequências, como procurarei fazer hoje. Nesse começo
de ano, três casos me chamaram muito atenção por serem casos de violência ainda
mais estúpida e banal.
Um deles foi justamente ao primeiro dia de 2013, em um restaurante no Guarujá, litoral de São Paulo. Segundo a polícia local, um jovem de 22 anos se recusou a pagar o valor de R$ 19,99, alegando que o valor divulgado quando ele entrou no restaurante era de R$ 12,99. Após discussão o jovem chamou a policia, e então a briga se generalizou e o jovem foi morto com três facadas por míseros sete reais.
Arte: Ueverton Santos
Rede Bahia de Televisão
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Um outro caso que mostra os desatinos da violência, foi quinta-feira, 17, em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador. Um ônibus bateu no fundo de um carro, dirigido pelo médico ortopedista Raymundo Pereira, que tinha como passageira a sua irmã, a advogada Arli Patrícia. Após descer do carro e fazer fotografias da batida, no momento em que Raymundo se dirigia de volta ao veículo, o motorista do ônibus jogou o carro contra o Raymundo, sua irmã e sua esposa grávida que seguia no carro da frente. A esposa teve escoriações leves, mas Raymundo e sua irmã tiveram ferimentos graves e seguem internados. O motorista não foi preso em flagrante e possivelmente se apresente a polícia nessa terça.
O último caso que destaco foi no Rio de Janeiro, na noite da sexta-feira, 18. Numa tentativa de assalto, um vectra preto com quatro suspeitos aproximasse do carro de Priscila Firmino de Barros, 24 anos, que trazia sua filha, Geovanna Vitória, de um ano, no banco de trás. Assustada com a abordagem, Priscila arrancou com o carro, e os bandidos atiraram e mataram a criança. Segundo reportagem do G1 publicada no dia seguinte, a Priscila e seu marido tentaram ter uma criança durante 11 anos.
Esses foram alguns casos que, apesar de não acompanhar esse tipo de noticiario, fiquei sabendo por conta da repercussão, podem até ter tido outros tão graves quanto, e então eu pergunto: Para que desejos de feliz ano novo, foguetes, champanhe e vestir branco, se enquanto humanidade, ao invés de avançarmos, estamos nos tornando cada vez mais primitivos? Alias, ao fazer essa comparação acho que estou até ofendendo os homens das cavernas.
Estamos ‘evoluindo’ para um mundo de uma estupidez sem
precedentes, em todos os casos citados a irritação foi determinante para gerar
uma tragédia. Pessoas que podem fazer parte de nosso dia-dia como funcionários
de restaurantes ou motoristas de ônibus, podem irritar-se por não ter seus
desejos satisfeitos e fazer barbaridades.
Nesse momento, uma pergunta é frequentemente feita: Aonde vamos
parar? É fato: Num mundo onde o stress é cada vez maior, em que as pessoas
estão cada vez mais frias e se irritando por bobagens, numa sociedade
mal-educada, sem compaixão ou respeito, a resposta para essa pergunta não é
nada boa. A única real possibilidade de mudança que vejo é investir nas
crianças, educa-las e lhes tornar pessoas dignas para em algum futuro as coisas
mudarem, o problema é o interesse nisso é quase zero, tanto da parte dos
governos, como na sociedade, que vive tragédia atrás de tragédia e não procura
mudança.
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