segunda-feira, 11 de março de 2013

COREIAS: UMA NOVA GUERRA PARA O VELHO CONFLITO?


Com fim do armistício que encerrou a guerra das Coreias na década de 50 e o corte da única linha de comunicação existente entre os países, vem novamente a tona uma crise histórica, que tem origens na Segunda Guerra Mundial. A atual troca de farpas, motivada pela ameaça dos norte-coreanos em utilizar suas supostas armas nucleares, recupera um pouco do clima de instabilidade que existia na Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética diziam ter armamento suficiente para destruir a terra várias vezes. Passemos a entender esse conflito desde sua origem.

A ORIGEM DA SEPARAÇÃO

O controle da região onde hoje existem duas coreias sempre foi instável, tendo sido durante um tempo dominado pela China. No começo do século XX, o Japão passou a ter posse do território, impondo uma forte dominação militar e até mesmo a substituição do coreano pelo japonês. Esse domínio caiu após a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial, e os vencedores, Estados Unidos e União Soviética, apesar de concordarem com a necessidade da independência da região, queriam impor a sua forma de governar.

Em 1948 decidiu-se: Ao norte, existiria uma Coreia socialista influenciada pelos soviéticos, e ao sul, uma Coreia capitalista influenciada pelos estadunidenses (imagem 1). Um fracasso, pois a partir daí surge o primeiro grande conflito pós-guerra. Na tentativa de reunificar o país, que formaria uma única Coreia socialista, os norte-coreanos invadem o sul, e em apenas quatro meses tomam quase todo o território (imagem 2). Insatisfeitos os Estados Unidos, através do Conselho de Segurança da ONU, conseguiram apoio das Nações Unidas para ajudar a Coreia do Sul, uma vez que a URSS boicotava o conselho. Em apenas dois meses o quadro se modificou completamente, e a Coreia do Sul passou a ocupar a maior parte do território (imagem 3).




A insatisfação mudou de lado, e o regime comunista da China, não querendo a influência capitalista em suas fronteiras, colocou seu exercito na guerra, fazendo com que a Coreia do Norte voltasse a ocupar a maior parte do território (imagem 4). A partir de então houve um conflito de trincheira, semelhante à primeira guerra mundial, e em 1953, foi assinada uma pausa no conflito, que deveria ser sucedida por uma solução definitiva. Solução que nunca foi encontrada, ou seja, tecnicamente ainda se está na mesma guerra iniciada em 1950, e que deixou resultados trágicos. Do lado capitalista, formado pela Coreia do Sul, Estados Unidos e ONU, cerca de 780 mil mortos. Do lado socialista, formado por Coreia do Norte e China, entre 1.2 e 1.5 milhões. Estimasse também que entre mortos e feridos existiam dois milhões e quinhentos mil civis.

DIFERENTES RUMOS

Hoje os países são tão diferentes que nem parece terem sido um só. A Coreia do Sul é uma potência, um país que investiu na educação e que deu certo, sendo um importante polo tecnológico, que inspira o mundo com seus setores de tecnologia, ciência  e transporte. Eles sediaram os Jogos Olímpicos de 1988, na sua capital Seul, e a Copa do Mundo de 2002, junto com o Japão.

Curiosidade: Nos jogos olímpicos de Sidney 2000 e
Atenas 2004, o espirito olímpico uniu os dois
 países numa só delegação, com a bandeira unindo
o mapa das duas Coreias.
A partir dos jogos de Pequim 2008, os países voltaram
a entrar separadamente.
Já a Coreia do Norte é uma incógnita sem fim, um país que, por conta de sua forte ditadura comunista, se isolou do mundo. Todas as imagens sobre o país são de sua TV estatal, que exibe com frequência imagens de extrema histeria na passagem dos lideres comunistas, que fazem discursos enfáticos, de quem deseja demonstrar ter todo o poder em mãos. O que se sabe é que se trata de um país “pobre”, tanto que diversos países lhe enviavam ajuda humanitária. 

O pobre entre aspas, porque apesar das mazelas, o país tem dinheiro para investir em energia nuclear e fazer testes ameaçando os vizinhos. Por esse motivo, a ONU anunciou na última quinta-feira, 7 de março, o corte dessa ajuda humanitária. 

A CRISE ATUAL

Partiu dos norte-coreanos a atitude de hoje, 11 de março, declarar o fim do armistício que pausou a guerra em 1953, podendo acontecer ataques a qualquer momento, vindo de qualquer um dos lados, que afirmam ter condições de atingir o vizinho. Isso é a retaliação comunista ao corte de ajuda humanitária da ONU citada a cima. A China, que sempre apoiou a Coreia do Norte, mantendo relações econômicas e servindo como passagem para a chegada de produtos do ocidente, agora pede calma, como afirmou seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Yang Jiechi, que falou da necessidade de se “resolver as preocupações de todas as partes envolvidas de uma forma equilibrada através do diálogo”.

A crise atual foi suficiente para gerar o fim do cessar-fogo na teoria, mas por enquanto nenhum dos dois lados fazer deve nada realmente efetivo na prática. Podem acontecer alguns testes da Coreia do Norte como provocação, uns discursos acalorados do lado sul coreano, mas guerra mesmo é improvável. Todavia, a importância do fim do armistício iniciado nessa segunda, 11 de março, está na  abertura de precedente. Isto é um passo importante dado para a volta da guerra, por ser uma etapa a menos, talvez última antes da guerra de fato, que pode vir a ser desencadeada em futuros desentendimentos.

LEIA TAMBÉM: 
ISRAEL E PALESTINA: DESTRINCHANDO UMA GUERRA SEM FIM



Nenhum comentário: